Velha Infância

imagem retirada de www.seguindooescoardotempo.blogspot.com




















Minha mãe invoca constantemente
imagens de uma velha infância,
como se se tratasse de uma vida anterior,
sepultada nas distantes orlas do tempo.
A sua própria infância.
Um palco secreto
povoado de rostos e lugares míticos
onde se abriga da monotonia do presente,
como se o tempo tivesse parado
quando dobrou a curva da adolescência,
e nenhuma outra vida a habitasse.

Enquanto divaga,
com o olhar perdido para lá da cerca,
remoendo relíquias de um tempo distante,
antes dos céus terem envelhecido
e o sol, em queda livre,
se precipitado nos abismos do poente;
vai fiando as memórias dispersas
de uma alvorada espoliada.

Movendo-se dentro da redoma frágil
desse mundo acabado,
– a menina que um dia foi,
espreita pelos postigos secretos de outrora
nos extintos jardins de uma inocência esbatida,
teimando em trazer o sol de maio
para o outono decrépito
que lhe queima as últimas folhas.
(Runa/postado no blog Seguindo o Escoar do Tempo)

Um comentário:

  1. Olá, Elis

    É uma honra para mim, que tenhas postado o meu texto no teu blog.

    Bom fim de semana

    Runa

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