Um Homem e Um Sonho


Um homem e um sonho

O doce sonho de voar
embalado por Verne
nas suas milhas náuticas
desejou conhecer os céus
e seus mistérios desvendar.

Sua vida inteira dedicada
ao progresso da aviação
tornou-se um fardo cruel
ao ver suas asas de cera
em meio a guerra e a destruição.

Sonho e pesadelo.

A reclusão não mais bastava
pois sua dor era imensa
e sua alma pura não suportava,
o que parecia uma ofensa,
retirou-se então da vida,
onde a tristeza o sufocava
e alçou um vôo solo
rumo ao céu tão desejado.

Este gênio tão solitário,
que teve seu coração arrancado,
e agora exposto em um museu,
acreditou no seu sonho,
sonhando com ele morreu.

(Elís Cãndido/ pelo aniversário de Alberto Santos Dumont)


O que você espera da vida?



O que você espera da vida?
Quais são os seus maiores sonhos, os seus desejos?
O que te move? O que faz você seguir em frente?
Para algumas pessoas as respostas para estas perguntas surgem com muita facilidade. Para outras, nem tanto. É estranho perceber que parece haver uma relação entre a facilidade de responder a estas perguntas e o fato de desejar, de sonhar, de buscar efetivamente alguma coisa na vida.
Pessoas que não acreditam no seu valor, no seu potencial, não conseguem vislumbrar uma vida melhor. Ficam estagnadas.Todas as oportunidades, todas as chances de sucesso podem bater às suas portas que elas não conseguirão perceber que este é momento. Que devem arriscar todas as fichas. Que devem seguir em frente!
Então elas permanecem ali, no mesmo canto confortável e seguro que  já conhecem tão bem. Elas impedem a sua própria prosperidade! Envelhecem e enraízam sem sequer terem saído do lugar.
É preciso sonhar! É preciso desejar! 
É preciso acreditar que somos capazes de tudo!
Claro que é preciso estudar. É preciso muito preparo, muita disciplina, muita garra... E é claro que nem todas as pessoas são dotadas destas capacidades. Mas cada um sempre tem o seu valor. Sempre há  uma potencialidade a ser explorada. Todos nós temos algo de bom guardado dentro de nós. E cabe a nós mesmos descobrirmos até onde podemos ir... mas para isto, é preciso dar o primeiro passo!
Então, pense bem e responda:
O que você espera da vida?


(Elís Cândido/julho de 2012)

Delirare


É um vício, meu Deus, estou perdido!
Já não sei nem mais quem sou.
Minha identidade se desfez há tempos.
Nem um sonho me restou.
Vivo trôpego pelas ruas,
malabarista equilibrado no fio da navalha.
Caminho por entre a multidão,
mas ninguém vê que ali estou.
Sou um trapo.
Maltrapilho.
Farrapo humano.
Degradação de tudo o que fui.

Não foi minha escolha.
Não desejei tornar-me assim...
Apenas segui o meu caminho,
e me perdi em algum lugar...
Já não sei mais voltar!
Não sei, não consigo me lembrar...
Tenho vozes em meus ouvidos,
que não me deixam pensar.
Não me deixam em paz!
Sombras me acompanham
durante os dias e as noites.
Apenas elas.
E as vozes.
Ninguém mais.

Todos se foram...
Mas não os culpo.
Desistiram de mim faz tempo...
Talvez no mesmo tempo em que eu mesmo desisti
de mim.
Da vida.
De tudo.

Existência maldita!
De que me serve viver?
Cadáver em forma humana...
Anseio logo poder morrer,
pois minha identidade perdi faz tempo,
já nem sei mais quem sou...

(Elís Cândido/julho de 2012)

Sensorial



Braços,
pernas,
mãos
e cabelos.
Bocas,
palavras,
sussurros
e gemidos.
Sentimentos,
sensações,
dor
e prazer.
Viagem ao centro de mim...

(Elís Cândido/julho de 2012)