Chuva!


Chuva!
Venha calma
Venha mansa
Encharcando a minha trança
Pra eu dançar feito criança
Pulando poças a sorrir!

Chuva!
Venha boa
e generosa
pra fazer brotar a rosa
que eu trago no jardim...

Chuva!
Vem lavar a minha alma
Minhas dores abrandar
me fazer leve e solta
nas tuas gotas a bailar!

(Elís Cândido/janeiro de 2013)


Os Abutres


Os abutres estão à espreita...
Aguardam o derradeiro dia.
Voam em círculos, silenciosos
Ou acompanham meus passos,
pousados nos galhos das árvores ressequidas.

Os abutres estão à espreita!
Me observam dia e noite.
Posso sentir sua respiração profunda
E o regozijo antecipando a ceia farta...

Eles estão à espreita...
E se ocupam tanto de mim
que não percebem que na escuridão da vida
há outros à espreita deles mesmos...

(Elís Cândido/janeiro de 2013)