Mães também erram...


Houve um tempo em que eu tinha a romântica ilusão de que mães são pessoas melhores, perfeitas, de que a maternidade gera em nós uma sabedoria infinita...
Mas vejo hoje que a realidade é bem diferente! A maternidade gera conflitos, dificuldades, nos leva a erros e a acertos. Mães não são perfeitas. Mães também erram!
O exercício pleno da maternidade é construido a cada dia, em cada crise, cada dúvida... É um aprendizado.
Mães e filhos constróem juntos um mundo onde a interdependência entre eles leva ao amadurecimento dos dois e ao fortalecimento da relação familiar.
Famílias que não dialogam, que não dividem suas dúvidas, seus conflitos, onde os pais sentem-se soberanos e absolutos, são famílias fadadas ao fracasso.
É preciso dialogar sempre!
Todas as coisas que não são ditas em casa são aprendidas na rua. As crianças precisam de informações, precisam de dados que lhes forneçam condições de tirar suas próprias conclusões sobre o assunto. E cabe a nós, os pais, informar.
Acredito que não deva haver limites, assuntos proibidos, palavras certas ou erradas, quando se tratar da educação dos nossos filhos. O que deve existir sempre é a VERDADE. Porque as verdades não geram dúvidas. Não são questionadas. Não se contradizem. São apenas verdades.
Devemos falar a verdade até mesmo quando não sabemos o que falar.
"Eu não sei! Vamos ter que descobrir juntos!"
Quero dividir com os meus filhos todas as minhas verdades. Todas as minhas dúvidas. Todas as minhas esperanças, medos, dores e maluquices.
Quero viver a minha vida junto com eles. Para eles. Por eles.
Quero errar e acertar.
Não quero ser a melhor amiga. Nem a tirana. Ou a omissa.
Quero ser apenas mãe...

(Elís Cândido/outubro de 2010)

Visceral


Te amo tanto
Tanto que chega a doer
A mais leve idéia de te perder
Me assombra
Me assusta
E desespera

Te amo tanto
Que nada mais me importa
Nada mais interessa
Não preciso ir
Ou vir
Já não tenho pressa

Sei de cor o teu gosto
E o contorno do teu corpo
Adivinho o teu cheiro
E os teus pensamentos
São meus

Te amo tanto
Que te amar me basta
Alimenta
Acalenta
Me dá paz

Te amo tanto
Que por vezes não entendo
Como posso amar assim
Amando mais a você
Do que consigo amar a mim

(Elis Cândido/outubro de 2010)

A musa








































Porque você se pinta,
menina linda?
Entretida em vaidades,
porque teima em esconder a sua idade
e fingir ser o que não é?


Porque você se pinta,
bela menina?
Ao seu lado sento e espero,
observo o seu esmero,
em brincar de ser mulher.


Para que você se esconde,
entre lápis e pincéis,
entre brincos e anéis,
desperdiçando o seu melhor.


Para que você se pinta,
minha boneca menina,
que não quis ser bailarina,
preferindo a molecada.


Minha pequena sapeca,
valente feito um menino
nariz empinado apontando
seu caminhar, seu destino.


Pinta seu rosto e sorri,
minha princesa querida,
musa tão bela e perfeita,
no amor de Deus esculpida.

(Elís Cândido/outubro de 2010)