O mundo vai acabar


Dizem que o mundo vai acabar
E que não há como me salvar
Que não adianta correr
Ou me descabelar

Decidi então ficar em paz
Comer bem
Dormir mais
Tirar férias... (de tudo)

Aparei umas arestas
Resolvi umas pendências
Abracei alguns amigos
E perdoei os inimigos

Agora é só esperar!
Deitada na rede
Ouvindo um som
E olhando o céu azul

Venha o que vier!
Quando se está em paz tudo fica mais fácil!!!
(Até as coisas nas quais a gente sequer acredita possíveis)

(Elís Cândido/dezembro de 2012)





Transição



O que havia antes
Se desfez
Já não existe mais
O hoje é um vazio
Uma esperança daquilo o que virá
De um futuro que é segredo
Mas que mesmo assim eu escolhi
Quando abri mão do passado
E assumi meu presente
Tenho as rédeas da minha vida nas mãos
Mas não sei para onde ir
Esta transição me confunde
E me assusta
Estou só
E isto é fato
Mas o que fazer da solidão que me acompanha?

(Elís Cândido/novembro de 2012)

Que me importa


Que me importa 
aquilo o que os outros pensam
Que me importa 
aquilo o que os outros dizem
Que me importa
aquilo o que os outros fazem

Não penso o que os outros pensam
Não digo o que os outros dizem
Não faço o que os outros fazem

Minha vida é só minha
Meus pensamentos
Minhas palavras
Minhas atitudes

Eu sou a única responsável
pelo meu êxito
e pela minha derrota

Escolho os meus caminhos
E caminho com meus próprios pés.
Meu nariz é minha guia
Meu coração minha bagagem

Que me importam os outros, então?!

(Elís Cândido/novembro de 2012)

Labaredas

Meu corpo se reacendeu de vida
e minha alma se renova se luz
Sinto uma chama ardendo 
Sinto a essência do meu ser
Renovada
Revigorada
Estou viva!
E quero viver
Quero me queimar 
nas labaredas
deste amor que me consome
E ser brasa
Ser fogueira
Trepidar
Estou viva!

E isto é o que importa...

(Elís Cândido/novembro de 2012)

Uma Noite Sem Fim



Era uma noite tão fria
como o gelo que trago dentro de mim.
Era uma noite sem lua,
de um céu vazio e triste, 
abandonado pelas estrelas.
Nesta noite sem fim,
onde as horas se arrastam,
também eu anoiteço,
e me visto de breu.

Anseio o dia,
o amanhecer e as cores...
Espero a vida bater em minha janela
e o vento fresco aliviar a minha alma.

Anseio o dia...
O sol rasgando as cortinas
e me enchendo de luz.

Já não quero mais a escuridão...
Quando acabará esta noite sem fim?!

(Elís Cândido/ outubro de 2012)

Tua


Venha!!!
Me pegue pelas mãos
e me leve com você.
Não consigo esquecer do seu olhar.
Dos seus dedos leves.
Da sua boca...
O seu cheiro ainda está em mim.
E quero senti-lo mais uma vez.
Então venha!!!
É meu coração quem te chama!
Sou tua!
Me pegue pelas mãos
e me leve com você...

(Elís Cândido/outubro de 2012)

Dualidades Insanas




QUERIA SENTIR VOCÊ EM MIM. 
RASGANDO AS CARNES E ME CONSUMINDO POR DENTRO. 
QUERIA TER VOCÊ COM PRESSA E CALMARIA. 
COM VIOLÊNCIA E DELICADEZA...

ESTA VIDA MORNA ME AFOGA E ME ANULA. 
JÁ NÃO ME VEJO MAIS EM MIM. 

EU SOU A FERA! 
SOU ANIMAL QUE CEDE AOS SEUS INSTINTOS E QUE DELES NECESSITA PARA SE MANTER VIVO. 
A COLEIRA E O CONFORTO ME ADESTRAM E ME TRANSFORMAM EM OUTRO SER QUE NÃO SOU EU. 
EU SOU A LOBA! 
QUERO A CAÇA, POIS MEU CORPO TEM FOME DE VIDA!

DUALIDADES INSANAS...

(Elís Cândido/outubro de 2012)

Frases e Pensamentos...


Um ponto final não significa que tudo chegou ao fim... Afinal, sempre poderemos escrever uma nova história!!!

(Elís Cândido/ outubro de 2012)

Grandes Poetas



Quando abro a cada manhã a janela do meu quarto
É como se abrisse o mesmo livro
Numa página nova...

(Mário Quintana)

Democracia dos Tempos Atuais


PENSE! Mas não diga nada sobre o que você pensou... Toda palavra poderá ser usada contra você dentro e fora dos tribunais!
OLHE! Mas cuidado com o que você vê... Quem vê cara não vê coração!
OUÇA! Mas não reproduza tudo o que ouviu... Muitas verdades já foram usadas indevidamente e muitas mentiras quase tornaram-se verdades!
FALE! Mas pense bem antes de falar... Toda palavra dita pode ser a última!


(Elís Cândido/setembro de 2012)

Tempos Difíceis


Um aperto que me toma o peito
e comprime tudo o que nele há
uma dor que dilacera a alma
e sufoca o coração.
São tempos difíceis!
Faltam-me as palavras.
Falta-me o ar.
Falta-me coragem.
Tudo falta.
Menos a dor.
Esta, é uma constante.

(Elís Cândido/setembro de 2012)

O Buraco


Primeiro era apenas uma ideia.
Depois, uma obsessão.
Toda vez que passo, olho.
Não vejo mais o céu, só o chão.

Este buraco negro me chama.
Penso em nele me jogar.
Já vivo mesmo na lama...
Nada iria mudar.

(Elís Cândido/setembro de 2012)

Apatia


A angústia me consome
já não sei se vou ou fico
se insisto ou me deixo levar

estou cansada

cansada de tanto tentar
de tanto lutar
de tanto remar

Afinal,
deve ser bom morrer na praia...

(Elís Cândido/setembro de 21012)


Palavras que poderiam ser minhas...




"Já escondi um amor com medo de perdê-lo,
Já perdi um amor por escondê-lo...
Já segurei nas mãos de alguém por estar com medo,
Já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida,
Já me arrependi por isso...
Já passei noites chorando até pegar no sono,
Já fui dormir tão feliz,
Ao ponto de nem conseguir fechar os olhos...
Já acreditei em amores perfeitos,
Já descobri que eles não existem...
Já amei pessoas que me decepcionaram,
Já decepcionei pessoas que me amaram...
Já passei horas na frente do espelho
Tentando descobrir quem sou,
Já tive tanta certeza de mim,
Ao ponto de querer sumir...
Já menti e me arrependi depois,
Já falei a verdade
E também me arrependi...
Já fingi não dar importância a pessoas que amava,
Para mais tarde chorar quieto em meu canto...
Já sorri chorando lágrimas de tristeza,
Já chorei de tanto rir...
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena,
Já deixei de acreditar nas que realmente valiam...
Já tive crises de riso quando não podia...
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns,
Outras vezes falei o que não pensava para magoar outros...
Já fingi ser o que não sou para agradar uns,
Já fingi ser o que não sou para desagradar outros...
Já senti muita falta de alguém,
Mas nunca lhe disse...
Já gritei quando deveria calar,
Já calei quando deveria gritar...
Já contei piadas e mais piadas sem graça,
Apenas para ver um amigo mais feliz...
Já inventei histórias de final feliz
Para dar esperança a quem precisava...
Já sonhei demais,
Ao ponto de confundir com a realidade...
Já tive medo do escuro,
Hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali"...
Já caí inúmeras vezes
Achando que não iria me reerguer,
Já me reergui inúmeras vezes
Achando que não cairia mais...
Já liguei para quem não queria
Apenas para não ligar para quem realmente queria...
Já corri atrás de um carro,
Por ele levar alguém que eu amava embora.
Já chamei pela mãe no meio da noite
Fugindo de um pesadelo,
Mas ela não apareceu
E foi um pesadelo maior ainda...
Já chamei pessoas próximas de "amigo"
E descobri que não eram;
Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada
E sempre foram e serão especiais para mim...
Não me dêem formulas certas,
Porque eu não espero acertar sempre...
Não me mostre o que esperam de mim,
Porque vou seguir meu coração!...
Não me façam ser o que eu não sou,
Não me convidem a ser igual,
Porque sinceramente sou diferente!...
Não sei amar pela metade,
Não sei viver de mentiras,
Não sei voar com os pés no chão...
Sou sempre eu mesma,
Mas com certeza não serei a mesma para sempre... "


(Desconheço autoria)
           

Feliz Aniversário!!


Fazer aniversário é dar adeus a mais um ano.
Fazer aniversário é receber um ano novo a nossa frente.
É relembrar o que passou.
E esperar o que virá.
É reunir os amigos.
Fazer muito barulho.
Ou talvez, ficar em paz...

Fazer aniversário é repensar a vida.
Planejar coisas novas.
Reparar nas rugas.
Repaginar o visual.
É ser novo,
sendo mais velho.

Fazer aniversário é magico!!
Então, meus parabéns!!
Hoje é o seu dia!
Só seu!

Feliz Aniversário!!!

(Elís Cândido/setembro de 2012, para o amigo Érico Lopes)

Gostaria de fazer, mas não tenho coragem...


Platão correlaciona coragem, razão e dorA coragem é o uso da razão a despeito do prazer. Coragem é ser coerente com seus princípios a despeito do prazer e da dor. 
Para os gregos a coragem era uma das maiores virtudes, pois somente por ela o homem conseguiria resistir ao mal e praticar o bem.
Gostaria de ser corajosa. Gostaria de fazer todas as coisas que meu peito grita para que eu faça... mas simplesmente eu não consigo fazê-las. 
Gostaria de não ser este ser tão mentiroso que segue em frente todos os dias cuspindo mentiras sobre ética, moral, certo e errado e me comportando da mesma maneira covarde e conformista de sempre. 
Queria ser CORAJOSA!!! 
Como os mártires que deram suas vidas por uma causa. 
Como uma Joana D'arc, preferir a fogueira a ser apenas mais uma covarde. 
Como Tiradentes, enfrentar a forca a negar meus princípios. 
Como Sócrates, me envenenar a ir contra tudo o que acredito ser verdade. 
Queria não ser apenas mais uma ovelha num rebanho tão comportado... Preferia ser o lobo! Este segue seus instintos e age segundo suas verdades.
Gostaria... mas não tenho coragem...

(Elís Cândido/setembro de 2012)


Num palanque improvisado
feito um palco adornado
falam em tom tão rebuscado
que, com rima, vira fado.

Politicaria
Politiquice
Rimando com porcaria
Rimando com babaquice


É tão surpreendente
perceber como essa gente
descaradamente
mente.

E pensa que engana a gente!

(Elís Cândido/setembro de 2012)



Lembranças...


lembranças de um dia cinza
onde as nuvens pareciam de chumbo
e o sol estremeceu de medo
da fúria louca dos homens
lançada sobre os seus semelhantes

lembranças de um dia negro
onde pessoas com medo
corriam sem ter para onde
corriam sem saber o porque

lembranças de um 11 de setembro
do qual não queria lembrar
de aviões, prédios e chamas
de vozes roucas a gritar

lembranças de um dia passado
com gosto de lágrimas, salgado
que deixa meu peito apertado
doendo só de lembrar...

(Elís Cândido, 11/09/2012)

"CABE AO HOMEM COMPRENDER QUE O SOLO FÉRTIL ONDE TUDO O QUE SE PLANTA DÁ, PODE SECAR E QUE O CHÃO QUE DÁ FRUTOS E FLORES, PODE DAR ERVAS DANINHAS; QUE A CAÇA SE DISPERSA E A TERRA DA FARTURA PODE SE TRANSFOMAR NA TERRA DA PENÚRIA E DA DESTRUIÇÃO. O HOMEM PRECISA ENTENDER QUE DA SUA BOA CONVIVÊNCIA COM A NATUREZA DEPENDE SUA SUBSISTÊNCIA E QUE A DESTRUIÇÃO DA NATUREZA É A SUA PRÓPRIA DESTRUIÇÃO. POIS SUA ESSÊNCIA ESTÁ NA NATUREZA . A SUA ORIGEM E O SEU FIM"

(Texto da novela Amor Eterno Amor)

Almas Gêmeas

"SERA FÁCIL RECONHECÊ-LOS: PALAVRAS NÃO SERÃO NECESSÁRIAS, NEM MESMO SERÁ PRECISO SABER SEUS VERDADEIROS NOMES. SABERÁ ENCONTRÁ-LOS PELA AFINIDADE DE SUAS ENERGIAS, PELO CHAMADO DE SEUS CORAÇÕES E PELA PROFUNDA IDENTIFICAÇÃO COM SEUS SENTIMENTOS." 

(Texto final da novela Amor Eterno Amor)

Chovendo na Praça


Imagem dos atores da Cia "Tomaraquidê"

Paraíba do Sul recebe espetáculo de Teatro de Rua

A Fundação Cultural de Paraíba do Sul, em parceria com o  Ministério da Cultura traz para o município o Projeto “Tomaraquidê”.
O espetáculo é aberto à população e será apresentado na Praça Garcia (Jardim Novo), neste sábado (08/09/12), às 11h e às 15h30.
O projeto “Tomaraquidê” prevê a circulação do espetáculo homônimo, em cidades localizadas à margem de ferrovias, e em comunidades pouco assistidas de aparelhos culturais.
Todas as apresentações do espetáculo serão realizadas num Ônibus, com aparência de locomotiva, adaptado para ser uma caixa cênica em quadras e praças com a mesma qualidade de uma sala de espetáculos.
O roteiro do espetáculo prevê a participação das pessoas das comunidades com o intuito de valorizar e dar visibilidade a cultura local. É neste contexto que o Chovendo Letras terá sua oportunidade de participação, com a realização de um Sarau Literário. Na oportunidade contaremos com a participação do jovem escritor Luis Felipe Leal, da Banda 17 de março e da Academia Studio de Dança Gisele, com as meninas do Projeto Dançar.
O projeto se encerra com a edição e distribuição em bibliotecas públicas de um livro/documento com o registro de todas as apresentações, o que contribuirá para a valorização e difusão da cultura local de cada cidade visitada. 
O Chovendo Letras espera contar com a presença de todos!



Anseios


A estação da colheita se foi...
Vivo um inverno triste
onde as tardes são cinzentas
e não há calor que me aqueça o coração.
Anseio a primavera...
Que ela me traga as cores,
as flores
talvez novos amores...

(Elís Cândido/ agosto de 2012)

A Complicada Arte de Ver




Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões – é uma alegria!

Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica.
De repente, a cebola, de objeto a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me causa espanto.”
Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”.
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física óptica de uma máquina fotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física.

William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado.
Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.
Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”.
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema.
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem.
“Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido.
Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”.

Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”.
Vinicius de Moraes adota o mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado que tudo naquela mesa – garrafa, prato, facão – era ele quem fazia. Ele, um humilde operário, um operário em construção”.

A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas – e ajustamos a nossa ação. O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre.
Os olhos não gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam em órgãos de prazer: brincam com o que vêem, olham pelo prazer de olhar, querem fazer amor com o mundo.
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.
Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas quando a gente as têm na mão e olha devagar para elas”.
Por isso – porque eu acho que a primeira função da educação é ensinar a ver – eu gostaria de sugerir que se criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos vagabundos”…
Rubem Alves – Educador e escritor.
Texto originalmente publicado no caderno “Sinapse”, jornal “Folha de S. Paulo”, em 26/10/2004.

A Cadelinha Sem Nome


Na saída do trabalho me deparei com uma cadelinha perdida.
Ela era tão pequena e assustada, tão indefesa e frágil que imediatamente a acomodei no meu colo sem a menor sombra de dúvidas: ela iria para casa comigo!
Avisei pelos arredores que a havia encontrado para que, caso alguém a estivesse procurando, pudesse vir buscá-la... até hoje ninguém veio. Já se passaram quatro dias. 
A pequena cadelinha, agora bastante cheirosa e agasalhada, alimentada e acomodada, me olha com seus olhinhos tristes. Ela nunca latiu. Nunca "falou nada" como dizemos aqui em casa. Pela manhã, quando abro o vidro da porta da cozinha, ela me vê e chora. Apenas isto, um pequeno resmungo.
Não é nova a cadelinha. Pela experiência que tenho com animais (tenho cinco outros cachorros), percebo que ela já tem alguma idade.
Até hoje ela não tem nome. Não conseguimos escolher um. As crianças já tentaram. Escolhemos um nome, chamamos, ela olha, abana o rabinho, dá as costas e entra na casinha...
Isto me fez pensar na vida...
Nós somos uma soma daquilo o que os outros dizem que somos. Um pouco daquilo o que as outras pessoas nos fazem ser. Sozinhos, não somos completos.
A cadelinha perdida certamente já tem um nome. Um nome que ela sabe qual é. Que alguém sabe qual é. Um nome através do qual ela se identifica como ser. Mas como iremos saber quem ela é? Ela não fala! Ela não pode me dizer quem é... 
O fato de não sabermos o nome dela, a maneira que ela foi criada, seus hábitos, seu passado, estabelece uma distância entre nós que é intransponível. Ela nunca mais será a mesma! Por mais que todos lá em casa a amemos, por mais que ela ganhe colo, carinho e conforto, sempre irá lhe faltar alguma coisa, alguém.
Me entristece demais saber que nunca poderei fazer a minha pequena cadela totalmente feliz...
Se fosse você quem estivesse no lugar da minha cadela, completamente perdido, sem saber sequer o se nome e distante de tudo o que considerava "seu", como estaria se sentindo agora?
Pensemos nisto, neste aprendizado. Precisamos dos outros para sermos plenos! Todas as pessoas que fazem parte das nossas vidas são fundamentais, são especiais. Cada uma delas tem um papel único e de grande importância.
Pense nisto!

(Elís Cândido/agosto de 2012)


Um Dia Serei Árvore

Imagem e texto retirados do blog www.sebastiaobuba.blogspot.com

"...Para entrar em estado de árvore é preciso partir de um torpor animal de lagarto às três horas da tarde, no mês de Agosto.
Em dois anos a inércia e o mato vão crescer em nossa boca.
Sofreremos alguma decomposição lírica até ao mato sair na voz.
Hoje eu desenho o cheiro das árvores."

(Manoel de Barros) 


Frases e Pensamentos


"De que adianta ser livre se você não sair do lugar?"

(Elís Cândido/agosto de 2012)

“Os livros da minha vida”


Os Livros da Minha Vida...
Minha vida sempre esteve atrelada ao mundo da leitura. Sou autodidata e isto já diz muito a meu respeito.... Leio desde gibis a enciclopédias. Mas alguns livros marcam nossa vida e ficam guardados num cantinho especial do coração. No meu caso, são eles:
Este romance belíssimo faz parte de uma coleção que li por volta dos meus 10 ou 12 anos. É um livro raro e maravilhoso. Li toda a coleção e sou fã do autor.
Quem não amou este Menino? Eu me identificava demais com ele...
Na adolescência quase perdia o fôlego com a maneira sensual do autor tratar da vida e dos sentimentos desta mocinha... 
Num período mais papo-cabeça... Pensar o futuro como ele pensou é realmente admirável!
O mais belo de todos os romances! Chorei ao ler o livro e já o reli várias vezes.
Uma narrativa triste contada pela própria morte. Imperdível!
FANTÁSTICO este livro! De uma sinceridade nas palavras que faz chorar. Nos dá  noção do alcance das nossas atitudes(ou omissões) na vida alheia.

Ler é um hábito que me torna plena. Espero que todas as pessoas tenham a chance de ter pelo menos um livro pelo qual se apaixonaram na vida. Eu, se fosse ficar aqui recordando, não saberia até onde chegaria esta postagem... 
Como afirmou o Marquês de Maricá: " Uma boa leitura dispensa com vantagem a companhia de pessoas frívolas".

Abraços e até a próxima!