Desabafo!


Vergonha! Posso dizer que é isto o que sinto dos meus semelhantes. Vergonha. Acho que eles não são meus semelhantes. Me recuso a ser parecida com este tipo de gente. Não me considero uma pessoa especial, uma alma pura, mas, certamente, igual a eles eu não sou!
Algumas pessoas conseguem ser indiferentes aos maus tratos para com os animais. Eu não consigo.  Esta crueldade me causa náuseas. Como ferir alguém que não sabe, ou não pode se defender?! Como abandonar um animal à sua própria sorte, após anos e anos de convívio?!
No jornal de hoje pude ler uma notícia de um cachorro que foi enterrado vivo, na África. A justificativa, se é que se possa chamar assim, foi de que ele fazia muito barulho e atrapalhava as aulas da escola que ficava ao lado. Se fosse uma criança chorona ela teria sido enterrada também? Se fosse um jovem com uma carro barulhento ele seria enterrado também? Nada justifica uma atrocidade destas! Estas pessoas não podem ser consideradas humanas, normais. Precisamos punir comportamentos como este. Estas pessoas é que são os irracionais, os animais. 
Me entristeço ao perceber que faço parte de uma minoria que se preocupa com os animais. Muitas vezes sou ridicularizada por isto. Não me importa!
Fica aqui o desabafo de uma pessoa que sofre, que chora e que se revolta ao presenciar atitudes como esta. Sei que não vou poder evitar que todos os animais do mundo sofram, ou que mais situações assim ocorram, mas fica aqui o apelo a todos os que se importam, para que não se deixem calar frente à injustiças como esta, para que intervenham e denunciem os maus tratos aos animais. É o mínimo que podemos fazer, mas já significa muito, significa dar o primeiro passo rumo à garantia dos direitos destes animais!

(Elís Cândido/outubro de 2011)

Frases e Pensamentos...


"De todos os sons deste mundo, nenhum é mais doce que o sorriso de uma criança!"

(Elís Cândido/outubro de 2011)

Butterfly


Sou como a borboleta triste
que desiste de voar.
Sou igual à borboleta
que, alada, já não voa.
A tristeza faz-se um peso
e me impede o alçar.
Sou uma pobre borboleta!
Colorida!
Tão bonita!
Impedida de voar!

(Elís Cândido/outubro de 2011)

O Cortejo Fúnebre

Descia lento pela alameda
numa cadência quase ritmada
lamentos tristes se ouviam ao longe
como uma canção mal terminada.

Seguia em frente o cortejo
juntando gente à caminhada
em direção ao sepulcro
no cemitério da velha estrada.

Choravam lamentos pequenos
pequenos soluços escapavam
enquanto, a passos lentos,
do final se aproximavam.

Crianças corriam ao redor
com a inocência de quem não sabe o que faz,
davam graça ao momento,
talvez um pouco de paz.

Havia uma certa beleza
e até um certo ritual
com adeus da família, dos amigos,
neste cortejo final.

Deitado nos braços da terra,
como semente lançada ao chão,
deixou sua  casa vazia
sem o pai, o amigo, o irmão.

Triste é esta caminhada
em direção à velha estrada,
levando nas mãos uma vida,
subindo de volta sem nada.

(Elís Cândido/outubro de 2011)

Frases e Pensamentos...



"Sábios são aqueles que conseguem dizer TUDO mesmo quando não dizem NADA."

(Elís Cândido/outubro de 2011)

Ao irmão que tive...


Adeus ao irmão que tive.
E que não tenho mais.
Foi-me roubado ainda na infância.
Sem que nada me perguntassem.
Sem saber se doeria.
Ou da falta que me faria.
Sem nenhuma condolência.
Apenas o levaram.
Levando junto parte de mim.
E a essência dos meus pais.
Sobraram duas almas sem vida.
Cujos olhos não tinham brilho.
Brilhavam antes, eu bem me lembro...
Mas depois que ele se foi,
foram-se embora os sorrisos.
Ficando apenas o vazio.
E uma casa preenchida de ausência.
Que falta ainda me faz este irmão que tive.
E que não tenho mais.
Quanta falta ainda faz!

(Elís Cândido/13 de outubro de 2011)

Tempestades


Sinto meu estômago revirar
como se navegasse em águas bravias.
Meu corpo se retorce e os ossos reclamam
como esqueletos descobertos pelos ventos do deserto.
A garganta arranha sons que saem como grunhidos.
Esqueci as palavras.
Raios e trovões ecoam em minha cabeça
nesta tempestade interna que teima em não passar.
Quando virá a calmaria?
Já não sei se resisto.
Se insisto.
Se desisto.
Se existo.
Já não sei mais.

(Elís Cândido/outubro de 2011)

O Estranho

Quem é esta pessoa,
que agora ronda a minha vida?
Quem é este personagem
Esta figura
Quem é você?
Onde está aquele outro homem?
Aquele que eu amava
E conhecia tão bem?
Para onde ele se foi?
Olho dentro dos teus olhos,
mas não o vejo mais.
Vejo apenas este estranho.
E não me acostumo com ele.
Sua presença me incomoda.
Quero ir, mas não posso.
Preciso ficar aqui.
Cuidar da nossa casa,
da nossa vida,
das nossas coisas...
Para quando você voltar.

(Elís Cândido/setembro de 2011)

Surdez

Não consigo ouvir mais nada!
Não ouço as vozes do mundo
que gritam ao meu redor.
Não escuto o cantar alegre dos passarinhos
que brincam na minha janela.
As canções de amor  emudeceram.
Tudo o que ouço é o silêncio.
Um silêncio enorme.
Sufocante,
feito uma nuvem densa e cinza,
dançando em volta de mim.
Fecho meus olhos e sinto meu coração bater com força.
Fico aqui e espero esta nuvem passar...

(Elís Cândido/setembro de 2011)