Um Pouco de Cor e de Beleza...

Portinari

Mais Valia

Portinari
Labuta.
Trabalho.
Labor.
Profissão.
Emprego.
Amor.
Fardo.
Cruz.
Lida.
Dinheiro.
Dignidade.
Vida.
"Cada um dê ao que tem o valor que quiser dar!"

Ventania

Imagem retirada do Google


Por que uivam os ventos?
Que dores eles gemem?
Quantas angústias carregam seus gritos...
De onde será que eles vêm?
Dos cantos remotos da Terra.
ou de profundezas sombrias?
De onde saem para espalhar a sua ira?
Os seus silvos.
A destruição.
Porque varrem assim  nossas cidades?
E as casas.
Os jardins?
Porque agitam as grandes águas,
em ondas de uma força sem fim?
Quem lhes fez tão mal assim,
para que tragam apenas dor e sofrimentos?
Já se esqueceram de quando eram brisas,
calmas e frescas brincando nos cabelos das meninas...
O que os fez tão mal assim?

(Elís Cândido/agosto de 2011)

Incoerências do Amor


Amor é coisa assim,
que bagunça a vida da gente.
Entra sem permissão,
tira tudo dos eixos
e faz sumir o ar.
Adorável loucura é este mal de amar!
Quem nunca amou não sabe o quê.
E quem ama entende bem.
Morrer de amar vale à pena.
Tanto dói quanto faz bem.


(Elis Cândido/agosto de 2011)

Indagações

 
Menina,
o que você quer ser quando crescer?
Vai querer mudar o mundo.
Salvar os animais indefesos.
Desfilar em passarelas.
Cantar e encantar...

Que causas vai abraçar?
Neste mundo de desiguais.
Vai saber amar ao próximo.
Respeitar as diferenças.
Lutar pelas tuas crenças...

O que te move?
O que te faz pensar?
Quais os teus sonhos?
Até onde quer chegar?
Minha menina,
de armadura e salto alto?

(Elís Cândido/agosto de 2011)






Sobre Ovelhas e Lobos

Imagem retirada do blob: momentosdeepifania.blogger.com.br

Meu coração ainda dói.
Sangra ainda.
E o meu corpo está cansado.
Tenho vontade de chorar.
E chorar.
E chorar...
Até me desfazer em um mar de lágrimas salgadas.

Como existir sem sofrer?
Como?
As pessoas se acotovelam e se machucam. Jogam as suas culpas nos outros. Nos ombros mais frágeis. Nos mais calados. Nos que menos sabem se defender.
Como sobreviver neste mundo? Com esta gente tão hipócrita!
Não consigo não me envolver. Não defender meus pontos de vista. Não gritar às injustiças!
Não consigo!
Mas há dias em que me sinto cansada de tentar fazer o que acho certo e terminar vendo tudo continuar errado. Sempre.
Até quando vou ter forças para não sucumbir e me tornar igual a eles? Ou virar um zumbi sem opinião, sem forças, sem expressão...
Não quero ser mais uma ovelha tola neste pasto. Abanar a minha cabeça e concordar com tudo.
Prefiro ser o lobo! Ser vista como louca ou desordeira. Ser caçada pelos séquitos deste império que justificam seus desvairios com a velha e surrada desculpa: "Estou apenas cumprindo ordens!"
Vou continuar sendo assim como sou: Se erro eu assumo. Se não gosto eu grito. Se não concordo eu digo. Se não quero, me nego a fazê-lo. Quem me manda sou eu!
Mesmo que eu sofra depois...

(Elís Cândido/agosto de 2011)

Noite de Lua

Fiquem quietos...
Escutem o que te falam os ventos.
Parem!
Ouçam os teus pensamentos...
Ou os meus,
ou os dela.
Ouçam!

Às vezes falamos demais!
Gritamos demais.
Corremos demais.
Para quê?
Para onde?
Calma!

Façamos silêncio!
E deixemos falar apenas os nossos corações.
Descansemos os nossos pés,
já calejados pelas andanças diárias.

Vamos olhar a lua!

Ou quem sabe, então, cantemos!
Canções que falem de paz e de amor...
E, embalados por elas,
poderemos rodopiar por uma noite inteira!
Feito crianças...

Pelo menos esta noite...

(Elís Cândido/agosto de 2011)

Intolerâncias

Será que só eu sinto
esta raiva que me consome.
Esta intolerância desmedida?!
Será que apenas eu me irrito
e quero gritar ao mundo
que está tudo errado.
Que já chegamos ao fundo?!


Chega!
Não agüento mais!
Me cansei da humanidade.
Me cansei das máscaras.
Das desculpas.
Dos desmandos.
Dos descasos.
Dos descompromissos.
Da falta de amor.


Já não consigo ouvir o cantar da passarada!
Minha cabeça anda lotada
de vozes que me sussurram palavras de ordem.
Me sinto um robô
Quero me desfazer do maquinário.
Sair de cena.
Retirar a indumentária
e não dizer as mesmas palavras ensaiadas.
Gastas.
Surradas.
Palavras que já não me dizem nada!


Chega!
Será que só para mim
que a vida anda assim?!


(Elís Cândido/agosto de 2011)