Mudez


Vejo pessoas sorrindo
Vejo pessoas chorando
Dentes que se abrem de alegria
ou que rangem pela dor

Vejo olhos que cobiçam,
que invejam
e desejam
Vejo ira em tanto olhar...

Vejo olhos de doçura,
de paixão 
e de loucura
Olhos que falam de amar

Vejo bocas blasfemando 
bocas que ofendem sem parar
Vejo bocas se entregando
a outras bocas
Bocas que sabem amar

Vejo mãos que agridem
que torturam
e trazem dor
Vejo mãos que arrepiam
mãos que emanam calor

Vejo coisas... 
Ouço coisas...
Penso coisas...
Mas minha boca se cala
Cansei da fala.

(Elis Cândido/setembro de 2013)

Eu, as curvas e as estradas


Aquela curva,
no fim da estrada
a que caminhos pode levar?
Aquela estrada, 
no fim da curva
minha vida iria mudar?
Vejo carros que vêm 
e vão.
Pessoas a sair e retornar.
O que muda?
O que os faz ir
e o que os faz voltar?
Será então que eu mudaria,
se saísse do lugar?

(Elis Cândido/setembro de 2013)

Cigana


Braços erguidos
num corpo que dança
em rodopios
me entrego ao luar

Sou bruxa na noite
sou loba no cio
estrela cadente
a te encantar

Te chamo 
te trago
te prendo em meus braços
te faço sonhar

Sou tua
sou solta
sou minha
Sou vida!

(Elis Cândido/setembro de 2013)

Buscas


Não sei o que acontece
que quanto mais te chamo
mais de mim
você se afasta.

Onde erro?
Não sei mais o que fazer
para trazer você
para mim.

Vivo só
e ninguém vê...
Ninguém sabe desta dor
que carrego em meu peito.

Junto à dor
trago sonhos
e com eles vou viver...
Não desisto deste amor
Não desisto de você.

(Elis Cândido/setembro de 2013)