O Tempo Roubado ou o Tempo Vivido?


O tempo passa...
E Ele passa tão rápido, que às vezes nem percebo seu passar. Mas ele caminha a passos largos, segue veloz, ceifando meus minutos futuros.
Queria poder ser amiga do tempo. Queria não lutar com ele, ou contra ele. 
Mas ele teima em levar embora a minha juventude, os meus sonhos... teima em fazer dos meus filhos, ontem mesmo tão pequenos e indefesos, hoje jovens crescidos e corajosos, sem medo de nada, sem medo da vida, sem noção do tempo. Eles acham que têm muito tempo... Mas o tempo caminha veloz para eles também!
Minha doce menina, que nunca quis ser bailarina, hoje sonha com trabalhos e carreira, sonha em conquistar o mundo e uma tal "independência"...
Meu pequeno sonhador, sofre as dúvidas de uma adolescência perversa, que massacra aqueles que são diferentes, inseguros, de alma pura e coração aberto. O mundo cobra que ele seja igual a todos: frio, levado por interesses superficiais, "inoxidável".
Sim! O tempo passa para eles. Eles só não percebem, ainda.
Mas eu não tenho como fingir que não o percebo. Ele, o tempo, deixou marcas em mim. Não apenas as marcas que surgem teimosas no meu rosto, não somente os meus cabelos que se tingiram de branco... Ele me deixou outras marcas, bem mais profundas. Fazem parte de mim hoje todas as lembranças daqueles que já não compartilham mais desta vida comigo, as saudades dos sorrisos e das aventuras, as dores de todas as decepções, traições, as culpas por todos os erros cometidos... Bagagens que o tempo me deixou de herança!
Quando tento me reconciliar com ele,  ouço atentamente quando ele diz que estas lembranças são parte da minha evolução, do meu crescimento espiritual. Ele me diz que aprendi a cada tropeço. Que fiquei mais forte cada vez que me reergui. Que ele me recompensa com sabedoria e complacência cada ruga surgida em minha face... Ele me diz que não devo enxergá-lo como um Tempo Roubado de mim, mas sim como Tempo Vivido. Como ganhos e não como perdas...
Às vezes até acho que ele tem razão. Afinal, o tempo já é tão velho que deve ser sábio! Quem sou eu para discutir com ele!
Mas em outros dias, queria mesmo era driblar o tempo! Voltar a ser uma garota sem preocupações, com meus pais ao meu lado ditando o caminho, com as gargalhadas na saída da escola, com os amores sem compromisso...
Só que neste exato momento uma coisa me faz sair deste devaneio e voltar à realidade: é meu filho que saiu do banho e mais uma vez esqueceu da toalha!  MÃÃÃEEE!!
Esta sou eu! Não mais a menina... Não mais sem compromissos... Não mais! Meu tempo agora é outro. É este!
Eu sou A MÃE. É esta quem eu sou e esta quem quero ser! Quero ser aquela de quem os meus filhos irão se lembrar quando este senhor chamado tempo tiver passado para eles também. Quero ser a saudade boa, a presença constante, a certeza do afeto... Quero ser a lembrança gostosa que nada pode apagar, nem mesmo ele, o tempo! Se há uma coisa que eu aprendi com o passar destes anos, é que há coisas que o tempo muda, há coisas que o tempo leva, mas nada consegue mudar o amor de uma mãe pelos seus filhos.

(Elís Cândido/julho de 2011)

Matrioska

Sou uma mulher dentro de muitas outras mulheres... Sou muitas mulheres dentro de uma mulher.
Sou Matrioska!
Preciso a cada dia ter a coragem de me desfazer de uma casca e deixar à mostra um novo EU. Pois sei que posso ser muitas. Ter muitas caras, faces, muitas cores. Posso ser a bela e a fera. Posso fazer sorrir e fazer chorar. Posso superar tudo, pois sempre haverá em mim uma nova mulher, pronta para recomeçar.
Dentro de mim há ainda muita coisa que eu mesma não conheço. A cada viagem interior me descubro diferente... É preciso ter muita coragem para abandonar a proteção que temos, deixar de lado os padrões e ir de encontro a novos rumos. Mas eu sou assim! Não sei ser a mesma sempre. Minha certeza de hoje é minha dúvida de amanhã. Volúvel? Não! Verdadeira.
Não tenho que saber tudo sempre. Que acertar sempre. Que responder sempre da mesma maneira às velhas e surradas perguntas. Eu posso mudar! Quero sempre mudar. Quero sempre aprender um pouco mais com as experiências que vivo. Quero quebrar as minhas próprias regras e rever os meus conceitos. Quero ser Matrioska!
Sei que tenho muito em mim. Que possuo tesouros guardados tão profundamente que até eu os desconheço. Me surpreendo ao perceber que posso mais do que imaginava. Que sei mais do que imaginava. Que imagino mais do que imaginava!
Esta viagem rumo ao novo ser que habita em mim me faz crescer. Me faz evoluir. Impede que eu me torne apenas um produto do meio... mais uma mulher em meio a tantas outras.
Eu escolho ser assim:
Matrioska!

(Elís Cândido/julho de 2011)

Alegria de Criança


imagem retirada de www.blogchowrio.com.br
Plic! Ploc! Plum!
Redondas e coloridas
elas sobem e voltam ao chão,
tão alegres e divertidas
são as bolas de sabão!

Plic! Ploc! Plum!
Em canudinhos de mamonas
ou pedaços de mangueira
um bocado de sabão
inicia a brincadeira!

Plic! Ploc! Plum!
Basta então um sopro leve
que elas surgem, ganham vida.
E o morro vira uma festa
com a molecada enlouquecida!

(Elís Cândido/julho de 2011)

Chuva de Letras

Imagem retirada do blog F-Utilidades
Eu gosto de escrever.
Gosto de escrever sobre a alegria, sobre a tristeza, sobre angústias, encantos e desencantos, verdades e mentiras... Não importa sobre o que ou como, escrever me completa.
Nem tudo o que eu escrevo são verdades. Pelo menos não são sempre minhas verdades. Muitas vezes escrevo sobre coisas que ouvi numa conversa de rua. Sobre artigos dos jornais. Sobre trechos de músicas. Sobre as dores e as alegrias alheias... Algumas vezes sobre as minhas dores e alegrias.
Não amo tanto quanto pode parecer. Não sofro tanto como possam imaginar. Nem estou sempre tão feliz como nos versos. Na poesia é assim. Este eu-lírico fala verdades sobre verdades que não me pertencem. 
Às vezes, chego a achar que quando estou escrevendo não sou eu quem escreve. As palavras que saem de dentro de mim chegam em uma rapidez que, se eu tivesse que escrever, em vez de digitar, não conseguiria acompanhar o ritmo com que elas me chegam. Elas simplesmente irrompem de mim. Talvez sejam realidades tão profundas que eu mesma as desconheça... Quem sabe? Diz um certo ditado que há verdades que você compartilha apenas com seus amigos, outras que você compartilha apenas com os inimigos, algumas que você compartilha apenas consigo mesmo e outras, tão secretamente veladas, que não se compartilha com ninguém, nem mesmo conosco. Quando leio o que escrevo, muitas vezes chego a pensar nisto... Que há uma parte minha que grita através desta chuva de letras, todas as coisas que eu não tenho coragem de verbalizar. Daí a desculpa do eu-lírico...
É bem verdade que é fácil se desnudar, se deixar mostrar, quando estamos aqui atrás dos teclados. A máquina nos dá a impressão de que estamos protegidos, de que nunca saberão que estas verdades são verdades, ou que são nossas verdades... sei lá!
Sei mesmo é que gosto de estar aqui. Não tenho que possuir milhões de seguidores para me sentir plena, quanto ao ato de escrever. Escrever me basta. Claro que adoro perceber que tenho seguidores. Gosto de receber comentários e poder saber o que as pessoas que lêem meus textos pensam sobre o que foi escrito. Gosto de saber como elas reagem aos poemas. Para isto, descobri que o blog é uma ferramenta maravilhosa! Tenho hoje pessoas que podem me acompanhar de lugares distantes, de outras cidades, estados e até de outros países. Cada novo comentário e que cada novo seguidor me enchem de felicidades e de orgulho. Da mesma forma, tenho blogs que sigo fielmente, cujas visitas me enchem de alegria e de inspiração. Muitas foram as vezes em que me inspirei nos versos dos outros "poetas blogueiros" para compor os meus. Muitas amizades nasceram destas partilhas.
Por isto, dentre todas as coisas que eu mais tenho prazer em fazer, está o ato de escrever. E sigo escrevendo... Deixando que as palavras que me entram pelos olhos e pelos ouvidos, as palavras que brotam da minha alma, venha à tona e criem vida, sob a forma destas pequenas poesias.
Espero que esta chuva de letras seja uma constante em minha vida...

(Elís Cândido/julho de 2011)

Desencontros



Algum dia,
por algum motivo,
em alguma parte do caminho,
eu te perdi.


Olhei para trás e não te vi.
Busquei em vão as tuas mãos
e o teu olhar não encontrei.
Eu te perdi.


Caminho em meio a multidão,
mas me sinto só.
Estou incompleta, falta um pedaço,
que é você.


Eu te perdi.
E perdida também fiquei.
Me perdi de mim.
Já não sei quem sou.


Quebra-cabeças que não se completa,
jogado num canto da sala.
Ninguém me nota,
e eu sigo assim,
sentindo falta de mim.


(Elís Cândido/julho de 2011)

Frases e Pensamentos...

Se o seu coração ainda pulsa nada está perdido. Vá! Siga em frente e seja feliz.

(Elís Cãndido/julho de 2011)

Saudades

Saudades da minha terra...
Do azul daquele mar.
Dos ventos quentes nas palmeiras
E do amor em teu olhar.

Saudades de minha casa...
Cujo cheiro está em mim.
Fecho os olhos e ainda vejo
cada canto e cada livro,
cada flor do meu jardim.

Saudades daquela que fui...
Dos meus tempos de criança,
dos gritos de inocência
e dos sabores ainda vivos na lembrança.

Saudades d'além mar...
Daquela terra mãe gentil.
Da tua gente bonita...
Saudades de ti, meu Brasil.

(Elís Cândido/julho de 2011/dedicado a Reinadi Sampaio, com votos de plena recuperação)

Visibilidade

Às vezes gosto de acreditar que a vida é boa,
que o mundo é quase perfeito,
que as pessoas são felizes...
Varro de mim toda sujeira e fuligens
que me impedem de enxergar claramente
as coisas boas da vida.
E então eu posso ver.

E vejo,
Que as crianças são anjos de Deus na Terra.
Que os animais são nossos melhores amigos.
Que os nossos amigos são irmãos disfarçados.
Que os ventos sussurram canções de amor.
Que o sol sorri para mim.
Que as estrelas me mostram o caminho.
Que o universo é a minha morada.

Nestes dias em que me dispo de toda maldade
e que me permito ver
o mundo assim como Deus o fez,
nestes dias, sim, eu sou feliz!

(Elís Cândido/julho de 2011)

Thinker Free


Meus pensamentos me levam
por caminhos desconhecidos
de amores impossíveis
e proibidos.

Meus pensamentos me conduzem
para o mundo dos sonhos
onde sou quem quero ser
e faço o que desejo fazer.

Thinker Free!!

Tenho asas e posso voar,
sem amarras ou correntes.
Alço vôos!

O mundo é pequeno demais para mim...

(Elís Cândido, julho de 2011)

Desertos

Imagem retirada de Fotolog










Meu coração é um deserto
onde nada mais habita.
Nem os seres rastejantes
ou os mais desprezíveis
ficaram aqui.
Restou apenas aridez
A secura dos tempos sofridos
Os sulcos marcados das dores
Cada marca,
cada cicatriz
São tatuagens eternas,
cravadas na carne.
E nada mais há.
Posso ouvir os sons do silêncio
e o meu coração a bater
numa cadência mórbida
e insossa.
Não há mais descompassos.
Não se alteram, os ritmos.
É sempre o mesmo pulsar.
Vivo como um relógio triste
que marca as horas
dos tempos vividos pelos outros
e não por mim mesma.

(Elís Cândido, julho de 2011)