Desabafo


Eu não tenho amigos
E ninguém gosta de mim
De tudo o que me lembro
Lembro de ser sempre assim

Não recordo minha infância
Nem se um dia fui feliz
Minha vida é o meu trabalho
Trabalho que nunca quis

Sigo sempre sozinha
Não há ninguém ao meu lado
E, se alguém vem comigo
Garanto, foi obrigado

Destes que me acompanham
Alguns trago no colo
Outros vem caminhando
Vamos andando juntos
Mas o caminho é forçado

Eu até compreendo
E não sinto rancor
Na verdade tenho por eles
Um certo tipo de amor

Vivemos como num sonho
Onde sou só uma imagem
Aquela que dita o caminho
Que orienta a passagem

Vagueio todo o tempo
Num indo e vindo sem fim
Mas, no final, não reclamo
É o que esperam de mim

Talvez você me conheça
De alguma hora ou lugar
Se te disser o meu nome
Você irá se lembrar

Não sou alguém que se esqueça
Não que eu queira ser assim
Mas basta apenas um encontro
Pra não se esquecerem de mim

Não posso dizer que sou má
Sou, talvez, um pouco fria
Mas, também, vivendo assim
O que mais de mim seria?

Sigo em frente nesta vida
E não pretendo me queixar
Mas queria companhia
Ter alguém com quem falar

Queria muito um amigo
Alguém que gostasse de mim
Que entendesse que no fundo
Não sou assim tão ruim



(Elís Cândido/ julho de 2010)

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