Mãe



















Estranhos são os laços que nos unem
Em vida
E morte
Alegria
E sofrimento

Laços fortes
Feito correntes
Que vencem o tempo
Os ventos
As chuvas
As noites
E os dias
Sem se romperem

Conto hoje aos meus filhos
- que também são teus -
histórias onde somos nós as personagens
Heroínas
Fadas
Bruxas

Tento caminhar ao lado deles
Relembrando os caminhos
Pelos quais passamos juntas

Quero evitar os erros
E refazer os acertos
Torná-los "gente"
Grande
Humilde
Honesta
Humana

Assim como você me fez

Nossa caminhada até aqui foi dura
Houve pedras
Houve quedas
Perdas

Algumas partes de nós se foram
E fizeram com que hoje
Nos tornássemos um quebra-cabeças
Bonito
Grande
Colorido

Que vai sendo completado a cada dia
Mas que vai ter sempre lugares vazios
Lacunas
Espaços
Que não mais se preencherão

Nestes caminhos da vida
A própria vida me fez escolher
E partir

Não sei por quanto tempo mais
Vai durar esta despedida
Que refaço todos os dias

São longos estes dias
E imensa a saudade
Que sinto de você

É estranho pensar
Que para ser feliz
É preciso sofrer
Que para ter
É preciso perder

Seguimos aqui o nosso caminho
E vamos juntos
E vamos bem
Somos felizes

Montamos à cada dia
O nosso quebra-cabeça
Escrevemos a nossa história

E neles
Vai estar você

Nas saudades da Clara
Nas piadas do Caio
Nas implicâncias do Beto
E no meu coração

Pois os estranhos laços que nos unem
São fortes
Feito correntes
Que não se vergam
Não se corroem
Que sobrevivem ao tempo
E à distância
Sempre unidos
Um ao outro
Eternamente

(Elís Cândido, Muriqui - maio de 2005)


A Paisagem

Ah, a paisagem é uma beleza.
Verde, azul, branca. Quanta beleza!
O sol sempre brilhante:
Uma bola imensa ou gigante!
Mas quanta beleza na imensa natureza.
E à noite o luar sempre a brilhar.
As árvores têm tanta beleza!
As frutas enfeitam a natureza!
O mar! O imenso mar!
É lindo quando reflete o luar.
E os passarinhos sempre a cantar!
E voam lindamente pelo ar!

Bom a paisagem sempre será uma beleza!
Mostrando riqueza ou pobreza
ela é e sempre será:

Uma beleza!

(Poema escrito pelo meu filho Caio, de 10 anos, em fevereiro de 2010)

Loucura

Eu não sou santa!
Não sou mesmo.
Tenho em mim tantos segredos,
que você não iria acreditar.

Esse jeito todo certo.
Essa cara de santinha.
Nada disso é verdadeiro...
É pura pose.
Maquiagem.

Se você me olhar nos olhos.
Bem no fundo, dentro deles,
vai perceber que eles fogem.
Eles desviam.
Correm.

Tentam não te deixar perceber
o que você provoca em mim...

Você me desnuda.
Me encanta.
Desafia.
Tira o meu sono.
Me impede de continuar fingindo...

Tenho medo de ficar ao seu lado.
De ser pega de surpresa,
por este eu que habita em mim,
e que teimo em esconder.

É mais fácil enganar
quando você não está por perto.

Me comporto.
Me concentro.
Me disfarço...

Mas eu sei que não sou santa...
Que qualquer hora me entrego.
Basta você me tocar...
Basta sentir o seu cheiro,
para eu me perder de mim.

Ah! Como eu queria...
Queria que você provasse.
Que bebesse a minha boca.
Que tem sede de você...
Queria saber como é
o teu gosto,
como queima
a tua pele...

Se pensar eu enlouqueço!!!

É melhor me disfarçar...
Tomar de novo meu papel...
De certa.
De santa.

Mas santa...
eu sei que não sou.

(Elís Cândido/março de 2010)





















A Verdadeira Grandeza

















Não sou grande
nunca fui
Nem no nome
nem na altura
sempre pequena
a menor

Também não me preocupei
em ser grande
de grandes atos
grandes falas


Como o passarinho
fazia meu ninho
de pequenas coisas
Todo dia
pequenos gestos e atitudes


Mas sempre a mesma pessoa
pequena
seja com os grandes
com os menores
ou os verdadeiramente pequenos


Ao meu redor
vejo pessoas
que se fazem grandes
Mas são tão pequenas!
Talvez menores que eu
e que você,
se você também for pequeno


Por que a verdadeira grandeza
não está nos gestos,
nas falas,
ou no poder.
Está na alma
no coração
no olhar sincero e calmo


Não basta querer ser grande
achar que se é grande
sem primeiro aprender
a ser pequeno
a ser humilde
o menor de todos


Quanto menor aos olhos do homem
maior aos olhos de Deus
A verdadeira grandeza


(Elís Cândido/30 de março novembro de 2003)



Azul

Mais uma vez me lanço ao mar
à luta,
à guerra,
à vida!

Vejo
por breves momentos,
novos horizontes
azuis sensações.
Doces promessas futuras...
Com o fim da noite,
o novo dia,
traz com ele a realidade:
Como pude novamente
me deixar enganar,
envolver,
levar...
Como pude novamente
me deixar cegar?


Agora sofro.
Sou o resto.
Aquilo o que sobrou.
Pela janela
soluço e vejo ao longe
seu olhar azul que me afogou.

Na solidão destas paredes
que me protegem do mundo
prometo a mim mesma
nunca mais me atirar
num azul assim tão profundo.

(Elís Cândido/ dezembro de 1994)