Loucura

Eu não sou santa!
Não sou mesmo.
Tenho em mim tantos segredos,
que você não iria acreditar.

Esse jeito todo certo.
Essa cara de santinha.
Nada disso é verdadeiro...
É pura pose.
Maquiagem.

Se você me olhar nos olhos.
Bem no fundo, dentro deles,
vai perceber que eles fogem.
Eles desviam.
Correm.

Tentam não te deixar perceber
o que você provoca em mim...

Você me desnuda.
Me encanta.
Desafia.
Tira o meu sono.
Me impede de continuar fingindo...

Tenho medo de ficar ao seu lado.
De ser pega de surpresa,
por este eu que habita em mim,
e que teimo em esconder.

É mais fácil enganar
quando você não está por perto.

Me comporto.
Me concentro.
Me disfarço...

Mas eu sei que não sou santa...
Que qualquer hora me entrego.
Basta você me tocar...
Basta sentir o seu cheiro,
para eu me perder de mim.

Ah! Como eu queria...
Queria que você provasse.
Que bebesse a minha boca.
Que tem sede de você...
Queria saber como é
o teu gosto,
como queima
a tua pele...

Se pensar eu enlouqueço!!!

É melhor me disfarçar...
Tomar de novo meu papel...
De certa.
De santa.

Mas santa...
eu sei que não sou.

(Elís Cândido/março de 2010)





















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