Mãe



















Estranhos são os laços que nos unem
Em vida
E morte
Alegria
E sofrimento

Laços fortes
Feito correntes
Que vencem o tempo
Os ventos
As chuvas
As noites
E os dias
Sem se romperem

Conto hoje aos meus filhos
- que também são teus -
histórias onde somos nós as personagens
Heroínas
Fadas
Bruxas

Tento caminhar ao lado deles
Relembrando os caminhos
Pelos quais passamos juntas

Quero evitar os erros
E refazer os acertos
Torná-los "gente"
Grande
Humilde
Honesta
Humana

Assim como você me fez

Nossa caminhada até aqui foi dura
Houve pedras
Houve quedas
Perdas

Algumas partes de nós se foram
E fizeram com que hoje
Nos tornássemos um quebra-cabeças
Bonito
Grande
Colorido

Que vai sendo completado a cada dia
Mas que vai ter sempre lugares vazios
Lacunas
Espaços
Que não mais se preencherão

Nestes caminhos da vida
A própria vida me fez escolher
E partir

Não sei por quanto tempo mais
Vai durar esta despedida
Que refaço todos os dias

São longos estes dias
E imensa a saudade
Que sinto de você

É estranho pensar
Que para ser feliz
É preciso sofrer
Que para ter
É preciso perder

Seguimos aqui o nosso caminho
E vamos juntos
E vamos bem
Somos felizes

Montamos à cada dia
O nosso quebra-cabeça
Escrevemos a nossa história

E neles
Vai estar você

Nas saudades da Clara
Nas piadas do Caio
Nas implicâncias do Beto
E no meu coração

Pois os estranhos laços que nos unem
São fortes
Feito correntes
Que não se vergam
Não se corroem
Que sobrevivem ao tempo
E à distância
Sempre unidos
Um ao outro
Eternamente

(Elís Cândido, Muriqui - maio de 2005)


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