A Praça

Praça Garcia
Tenho medo daquilo que os meus olhos verão quando se forem os tapumes.
Os tapumes, de certa forma, me protegem daquilo o que me espera lá.
Posso perceber, através de olhares furtivos, que o que me espera não me agrada...


Frios tubos.
Insensíveis blindex.
Luminárias robóticas.
Ares de modernidade.

Onde está aquela praça?
Aquela, que deu pouso ao Bandeirante.
Aquela, em cujas árvores descansou.
Aquela, que levava o seu nome.

Onde está o velho repuxo...
Que meus filhos olharam encantados
Com olhos de quem vê maravilhas!
Aquele velho repuxo, refresco e alívio
das andorinhas barulhentas no verão.
Estará lá?

Lembro bem do pequeno parquinho,
onde meus cabelos de menina
balançaram sob o vento,
nas tardes tranquilas,
depois da missa de domingo.

Naqueles bancos,
naquelas árvores,
no pequenino jardim,
ficaram segredos da minha juventude.

Onde estarão os meus segredos,
se lá não mais estiverem os bancos,
as árvores,
o jardim...
Para onde irão?

Tenho medo do que me espera
nesta praça, que já não é a minha.
Que já não traz história.
Que já não tem calor.

Uma praça que jaz.

(Elís Cândido/novembro de 2010)

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