Ponderações

Imagem de Daniela Conolly
Tenho uma tendência estranha de rejeitar tudo o que é modismo, tudo o que me parece meio imposto ou forçado. Não sigo tendências.
Confesso que esta minha mania as vezes me leva a cometer erros, a formular conceitos que não são verdadeiros, ou justos.
Na tentativa de não engolir o que me é imposto, fecho meus olhos para algumas coisas boas.
Foi assim com Vanessa da Matta.
Enquanto a mídia massacrava nossos ouvidos com a repetição sistemática dos seus maiores sucessos, eu teimava em não gostar do que ouvia.
Enquanto todos os programas de TV exibiam a cantora e falavam do seu notório talento, eu a classificava como "caricata". Via excessos em tudo o que ela fazia. Sua voz era chata. Sua presença de palco era exagerada...
Na verdade eu não me permitia ouvi-la verdadeiramente. O som entrava pelos meus ouvidos, mas não alcançava meu espírito.
E músicas devem ser escutadas com os ouvidos da alma.
Hoje, devo admitir meu erro e assumir que eu ADORO a Vanessa da Matta!
Sua música é pura vibração, talento, explosão de ritmos e de palavras.
A garota consegue passear entre ritmos como o reagge, o afro, a MPB pura, o samba, sem ser cansativa e sem perder a sua identidade musical.
Sua composição parece ter vida própria, ter brotado de dentro dela.
Ver Vanessa da Matta cantando, poder conhecer seu lado intérprete é como saborear uma aparição, uma divindade encarnada.
Ela se deixa dominar pelo ritmo, pela letra, pelo sentimento que a música invoca. Ela se transforma. Cresce. Fica mais bonita. Resplandece.
É inegável seu talento.
É impossível não gostar do seu trabalho.

Tenho pena de mim mesma, pelo tempo que perdi me privando de uma coisa assim tão boa.

(Elís Cândido/novembro de 2010)

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