Sou água


Sou água impura
sem cura,
em busca da transparência.
Sou água escura
sem resplendência.
Mas tenho a vontade de ser
água potável ofertada
aos que têm sede, golada,
sorvida, transfigurada.
Sou a água na parede
Lacrimejante do inverno.
Sou água em vapor no inferno
a tentar fuga sem rumo.
Sou água do fio de prumo
buscando o nível da vida.
Eis-me água estremecida
pela brisa sussurante
que o espelho desalisa.
Sou água que catalisa
A energia semovente.
Sou essa água corrente
em busca do mar sem fim.
Sou chuva de tempestade,
sou garoa da cidade,
sou a gota do rocio,
sou goteira, sou o rio,
rios que tenho em mim.


(Cleto de Assis/Curitiba, publicado em Banco da Poesia)

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