Solidão


Sentada no canto da sala
Espero.
Vejo a tarde se despir
e se vestir de noite.
E vejo a noite
ganhar as cores do dia.
Sinto o sol pela janela
e adivinho seu calor.
Sinto que a vida passa,
que o vento sopra nas folhas,
que o cheiro bom corre no ar.
Imagino o sorriso das crianças.
E o balançar das cadeiras das senhoras,
num indo e vindo já sem pressa.
A vida acontece lá fora...
ela pode ser boa, eu sei.
Mas sou refém de mim mesma.
Prisioneira dos meus próprios medos.
Enraizo e fico aqui.
Musgo esquecido,
num canto da sala.

(Elís Cândido/maio de 2012)

Um comentário:

  1. Um poema triste e ao mesmo tempo muito belo. Gosto de poemas assim, vá-se lá saber porquê. Acho que escrever sobre coisas tristes alivia essa tristeza. Para mim, funciona como terapia...

    Abraço amigo

    Runa

    ResponderExcluir