Faroeste Caboclo

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Minha cidade, tão pequena e pacata, está por demais agitada.
Nas conversas dos portões, nas rodas dos botequins, nas portas dos mercados... Não se fala em outra coisa: a onda de assassinatos.
Só neste mês foram dois.
Semelhanças, diferenças, causas, motivos, inimigos. Crime político? Drogas? Enriquecimento ilícito?
Quantos tiros? Cinco. Não, seis. Dizem que oito... Talvez tenham sido uns quinze!
Os números aumentam.
As conjecturas também.
Cochichos. Sussurros...
Vai dar gente no enterro! Uns vão para chorar e outros para sorrir!
O carro do finado, em frente a Delegacia, vira ponto turístico. Oportunidade única de extrair uma informação a mais...
Tudo vira comentário.
Tudo, menos o principal: alguém perdeu uma pai, um filho, um marido... Todos nós perdemos um pouco de nossa segurança, da nossa tranquilidade, da nossa paz.
De toda a história, esta é a única certeza. A maior verdade.
Pena que ninguém quer ver.
Pelo menos não agora.
Agora, estão todos ocupados. O importante é comentar!
Afinal não é sempre que se tem do que falar em lugar assim tão pequeno.

Minha pobre Paraíba!

Com que gosto amargo escrevo estas tortas e irônicas linhas...
Preferia os dias onde não houve do que comentar.

(Elís Cândido/março de 2011)

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