Surdez

Não consigo ouvir mais nada!
Não ouço as vozes do mundo
que gritam ao meu redor.
Não escuto o cantar alegre dos passarinhos
que brincam na minha janela.
As canções de amor  emudeceram.
Tudo o que ouço é o silêncio.
Um silêncio enorme.
Sufocante,
feito uma nuvem densa e cinza,
dançando em volta de mim.
Fecho meus olhos e sinto meu coração bater com força.
Fico aqui e espero esta nuvem passar...

(Elís Cândido/setembro de 2011)

Insônia

Meus filhos dormem.
Os cães dormem.
A casa toda parece dormir.
Apenas eu estou condenada a vagar...
Ouço os ruidos da noite,
e vejo as sombras na janela.
Caminho às cegas pela casa.
Esperando amanhecer um novo dia...
Longa é a noite que me espera!
Quando me deito e não consigo dormir.

(Elís Cândido/setembro de 2011)

Distâncias


O que houve entre nós?
Que distância é esta
que se impôs como paredes blindadas
E que já não nos deixa ver
o amor que ali havia antes.
Antes das brigas
Antes da espera
Antes do nada
Que agora habita entre nós

Não sobrou nada
Nem cacos
Ou brigas
Ou palavras a serem ditas
Já as dissemos todas
Há somente esta distância incômoda
Medindo a nossa falta de amor.

(Elís Cândido/setembro de 2011)

Súplica Cearense















Oh! Deus, perdoe esse pobre coitado
Que de joelhos rezou um bocado
Pedindo para chuva cair, cair sem parar
Oh! Deus, será que o senhor se zangou
E só por isso que o sol se arretirou
Fazendo cair toda chuva que há
Oh! Senhor, pedi pro sol
Se esconder um pouquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta, uma planta no chão
Oh! Meu Deus, se eu não rezei direito
A culpa é do sujeito
Desse pobre que nem sabe fazer oração
Meu Deus, perdoe eu encher
Os meus olhos de água
E ter lhe pedido cheio de mágoa
Pro sol inclemente se arretirar
Desculpe pedir a toda hora pra chegar o inverno
E agora o inferno queima o meu humilde Ceará
Oh! Senhor, pedi pro sol
Se esconder um pouquinho
Pedi pra chover, mas chover de mansinho
Pra ver se nascia uma planta, uma planta no chão.

(O Rappa)

Poesias ao Vento


Dizem que palavras, o vento leva
Quero que as minhas voem bem alto
Transponham as barreiras e as distâncias
Percorram vales e montanhas
Alcancem os corações de todos
Das pradarias aos desertos

Que bons ventos as levem!
Na forma de rimas e de festas,
de lamentos e de dores,
nos desabafos solitários,
ou na sofreguidão dos amores.

Elís Cândido/setembro de 2011)