Esterco


Sinto que a vida me sufoca!
Por mais que eu corra ou que eu tente me safar, ela sempre me alcança!
Suas artimanhas são como garras enormes, que me tomam de assalto.
Não tenho como escapar...
Passadas as tempestades, o que resta de mim é o bagaço.
Não me reconheço mais!
Não tenho essência. Não tenho vontades. Não tenho ânimo.
Não há nada mais.
Sou como as sobras de uma laranja espremida, da qual não cairá gota alguma...
Para que sirvo então?
Me transformarei em adubo. Num amontoado de restos que servem apenas como incentivo ao crescimento alheio.
Eu mesma não crescerei mais.
Vou ficar aqui.
Observando a paisagem que se forma ao meu redor.

(Elís Cândido/ junho de 2012)

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