Relacionamento ou Convivência?

Quando ficamos em um mesmo relacionamento por muitos anos, somos empurrados contra a parede por uma coisa chamada ROTINA. Muitos casais costumam culpar a rotina como a maior causadora de desentendimentos e de separações. O que acontece, na maioria das vezes, é que vamos deixando para trás o encanto e a sedução que nos acompanham nos primeiros tempos do relacionamento. Então, em alguns anos, já não há mais mistérios, já não há mais segredos, já nos moldamos um no outro de tal forma que passamos quase a coexistir. As mulheres costumam ir gradativamente abrindo mão das amizades, dos momentos de individualidade, dos sonhos, da carreira... Tudo em nome da família ou do relacionamento. De repente já não somos mais nós mesmas! Somos uma outra pessoa, encapsulada sob a forma de esposa, companheira, mãe... Esquecemos de quem somos.
O que acontece quando a gente acorda, depois de muitos anos ao lado de alguém a quem amamos e percebemos que este alguém já não é mais aquela pessoa por quem nos apaixonamos? Você se pergunta em que parte do caminho ele se transformou e sequer observa que você também já não é mais a mesma... É neste momento que surgem as cobranças, as discussões, os distanciamentos, a separação. É como se, a cada dia vivido, construíssemos uma pequena parede, onde vamos colocando diariamente mais um tijolo, e outro, e outro... até que um dia olhamos para frente e já não conseguimos mais enxergar o outro. Ele ficou do outro lado do muro. De um muro que nós mesmos construímos. Sem perceber nos distanciamos aos poucos... 
O que antes era um relacionamento amoroso transformou-se apenas em convivência. Dormimos juntos, acordamos juntos, almoçamos e jantamos juntos, mas não dividimos mais, não compartilhamos mais, não sonhamos mais juntos... Convivemos apenas. E conviver é muito fácil. Todos convivemos. 
Somos obrigados diariamente a conviver com os colegas de escola, do trabalho, com a multidão nas ruas, com os vizinhos com os quais muitas vezes nem simpatizamos... Conviver qualquer um consegue. Difícil é se relacionar!
Nas relações afetivas há a necessidade constante da reflexão, da ponderação, da condescendência... Uma parte sempre vai ter que relevar ou repensar uma postura ou outra, pelo bem da relação. E isto não é fácil! Nós queremos estar certos sempre. Queremos ser os vencedores sempre! Mas vencer nem sempre significa ganhar a batalha. Às vezes vencer vai significar reconhecer o erro e aceitar a derrota, pelo bem dos sentimentos envolvidos. Pelo bem da relação.
Então, vamos refletir se o que temos hoje é uma relação afetiva ou se estamos apenas convivendo com alguém. Se há ainda uma chama de amor e de paixão acesa, nos empurrando para um futuro ao lado desta pessoa a quem já conhecemos tão bem... E, caso seja esta a conclusão, vamos alimentar esta chama com uma dose extra de sorrisos, de descontração, vamos procurar nos interessar mais sobre os interesses um do outro, vamos reaprender a amar como quando estávamos lá no começo... Vamos nos entregar!!

 
(Elís Cândido/junho de 2011)

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