Domingos















Dia de preguiça.
Acordar bem tarde
e tomar café na cama.
Passar o dia de pijama...

Dia de andar à toa.
Almoçar fora
visitar os amigos,
caminhar pelo parque.

Dia de alegria.
De jogar bola com a molecada,
comer brigadeiro de "colherada"
e nem ligar para a balança...

Dia de voltar a ser criança!

Soltar pipa pelos morros
Tomar banho de mangueira
Jogar bola de gude
Rodar pião

Domingos são assim...
Dia de fazer tudo
de fazer nada ou
de não fazer.

Você é quem escolhe
Você é quem decide
Você é o seu patrão...
Domingo é o seu dia!

(Elís Cândido/maio de 2011)

Terra!

















Aquarela divina
Pintada em três dias
Com cores e formas
De fazer delirar!

Sinfônica afinada
com o canto da passarada
e o pio da coruja
suspirando ao luar.

Engenhoca perfeita
numa cadeia de laços,
ligções e compassos
onde cada um tem função.

Escrita simplória
com um tal poetar
que o maior dos poetas
nunca irá alcançar.

Terra!!
Museu de imagens, de sons e de cores
texturas e sabores
de portas abertas
a quem queira entrar.

Museu por onde muitos passam e nem se vêem passar...

Sombras



















Quem é você?
Que me ronda
Me assombra
Me assusta
E me consome.

Quem é você?
A me espreitar
Sempre tão perto
Passo certo
No meu calcanhar

Quem pode ser?
Meu algoz, meu açoite
Feito sombra
Na luz do dia
e na escuridão da noite.

O que você quer?
Me vampirizar
Sugar o meu sangue
Minha vitalidade
Entrar no meu ser?

O que vou fazer?
Me segues, é certo...
Te sinto tão perto
Que penso em morrer.

O que é você?
Que tanto me aflige
Corrói minha alma
Me faz um insone
Na noite a vagar.

Não há mais saída!
Estou possuída!
Me atiro no abismo
e me deixo levar...

Um pensamento me assalta
neste instante fatal:
Se morro, quem morre?
Eu ou ele, afinal?

(Elís Cândido/maio de 2011)

Lembranças

as
imagem do Google
Hoje senti saudades
dos meus tempos de criança.
Das noites enluaradas,
dos gritos e gargalhadas,
num pique-esconde sem fim.

Lembrei-me das frutas roubadas
nos quintais dos vizinhos,
nos terrenos baldios.
Que tentação!
Que delícia!!

Amoras e goiabas,
jabuticabas e mangas,
araçás e pitangas...
Chupar cana ao entardecer
e fazer pipi na cama!

Era tão boa esta vida criança
de sorrisos e de esperanças,
sem preocupações
e sem medos.

Lembrei-me da velha lancheira,
que eu chamava "merendeira",
com alguma coisa gostosa
para a hora do recreio.

A velha sainha azul de preguinhas,
o "Konga" e a camisa branca
que minha mãe teimava em alvejar
e eu em encardir.

As boas Festas dos Padroeiros,
quando o largo da igreja lotava
e a gente dividia uma única maçã do amor...
Lá tinha leilão, bingos e danças
e as missas, repletas de gente.

Minha boa infância!!
De criança pobre.
De mãe costureira e pai aposentado.
De uma família simples e tão feliz!

Piões, petecas de penas de galinha,
amarelinhas riscadas no chão,
bonecas de sabugo de milho,
revistinhas de colorir com água...

Estas lembranças me aquecem o coração
e me fazem dar valor ao que tenho hoje.
Colho os frutos do esforços dos meus pais,
que me criaram, me protegeram,
me educaram e me fizeram o que eu sou.

Sou esta criança crescida,
sem papas na língua e sem limites,
com um coração cheio de amor
e de lembranças, destes tempos tão felizes!

Que bela infância eu tive!

(Elís Cândido/maio de 2011)

Um pouco de cor e de beleza...

O Mamoeiro, de Tarsila do Amaral, 1925
Imagem retirada do blogdatarsiladoamaral.blogspot.com