Minha avó dizia que quando morre alguem muito querido ou especial, a natureza chora. Algumas vezes pude ver dias ensolarados transformados em tardes escuras de chuvas torrenciais e ventos pavorosos, como se a natureza estivesse rasgando suas entranhas de dor e de tristeza...
Hoje aconteceu exatamente assim.
Amanheceu um dia de sol e calor. Céu azul. Paisagem inspiradora de paz e alegria. No meio da tarde, porém, alguma coisa mudou... Nuvens pesadas cobriram o céu e trovoadas podiam ser ouvidas por toda parte. Neste momento, enquanto escrevo, parece ser quase noite e o vento sacode as folhas das árvores.
Morreu José Alencar.
Aos 79 anos, após lutar contra cânceres que teimavam em derrotá-lo, o ex Vice-Presidente do governo Lula teve sua morte declarada.
Não saberia dizer muito da trajetória política deste homem, que sei ser mineiro, de Muriaé, nascido pobre, em uma família de quinze filhos. Foi balconista, empresário, iniciou sua carreira política em 1994, candidatando-se ao governo da sua Minas Gerais...
O que mais fica na minha lembrança, a respeito deste homem, são sua lisura, sua postura crítica, que por vezes gerava comentários polêmicos, sua fidelidade para com seus ideais. Um homem sem medo de falar. Sem meias palavras...
Gostava de ouvi-lo dar entrevistas.
Torcia por sua recuperação a cada volta ao hospital.
Sofri com esta perda.
Enquanto a chuva já cai lá fora, nesta tarde triste, transcrevo algumas de suas palavras que mais ficaram marcadas em mim:
"Não tenho medo da morte, porque não sei o que é a morte. A gente não sabe se a morte é melhor ou pior. Eu não quero viver nenhum dia que não possa ser objeto de orgulho. Peço a Deus que não me dê nenhum tempo de vida a mais, a não ser que eu possa me orgulhar dele".
Certamente nós poderemos nos orgulhar...
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