Hoje acordei ouvindo "Eu quero Tchu, eu quero Tcha"... Socorro!!! Eu quero silêncio! Quero poder acordar em paz!!! Acho que as pessoas perderam a noção dos direitos alheios. Moro numa rua calma, bastante retirada do centro da cidade, mas ainda assim dormir cedo e acordar em paz são coisas que estão ficando cada dia mais difíceis. Os carros dos adolescentes mais se parecem com verdadeiras máquinas de reproduzir som. Que altura! As portas e as janelas de vidro das casas chegam a tremer. Nem o bom trem de carga que passa aqui pertinho consegue me incomodar tanto! Não bastasse o volume do som que eles ouvem, tenho ainda que aturar a péssima qualidade das músicas escolhidas. Não me levem a mal as pessoas que gostam deste tipo de música, mas, sinceramente, estes Tcherererê, Tchu Tcha e Ai se Eu Te Pego podem até grudar na cabeça da gente, mas não por uma questão de qualidade.
Sinto saudades das boas músicas que eu ouvia antigamente, num tempo não tão distante assim. As músicas falavam de sentimentos, de amor, do sofrer por amor. Falavam da vida, contavam verdadeiras histórias de vida. Havia músicas tão bonitas que só de cantá-las, nosso peito parecia querer estourar, o coração sair do peito... Quem nunca chorou feito bobo ouvindo uma canção e se lembrando de um grande amor, de uma pessoa querida...
Este capitalismo enlouquecido que domina a tudo acabou por fazer do mundo da música e da poesia mais uma fonte de ganhos, de riquezas... Que saudades das rodas num barzinho, com um violão, umas cervejas e uns amigos... Saudades das músicas verdadeiramente sertanejas, cantando a vida simples do homem no campo, seu amor pela terra. Será que esta saudade é sinal de que eu fiquei velha? De que o meu tempo já passou? De que eu preciso me acostumar com esta nova tendência? Prefiro acreditar que não. Que isto é apenas um modismo equivocado, daqueles que não duram um verão inteiro. Espero, que brevemente surja nas rádios uma vozinha curta, com uma melodia manhosa, um violão bem marcado, e que tome conta das atenções de todos. Espero que a boa música sobreviva, porque tem muita gente boa cantando por aí. Basta a gente olhar para o lado certo e vai ver...
(Elís Cândido/maio de 2012)
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