Existe uma solidão que é maior que todas as outras. Uma solidão é tão próxima de nós que algumas pessoas não a percebem. A solidão de ser "você". Você é um ser só. Não importa o que os outros digam. Não importa o que você pense em contrário... Todo ser humano é só. Não falo aqui daquela solidão que sentimos quando não há mais ninguém ao lado. Nem mesmo da sensação de solidão, de incompreensão. Falo de uma solidão que chega a ser quase palpável de tão real.
Por mais que existam pessoas ao nosso redor. Por mais que tenhamos amigos e família. Por mais que sejamos seres gregários, somos sós. Porque ninguém pode ser você. Ninguém pode tocar tão intimamente você como você mesmo. Ninguém o conhece tão bem como você...
As outras pessoas sabem de nós apenas o que nós permitimos que elas saibam. Apenas o que nos convém. Sabem das nossas tristezas apenas o suficiente para nos confortar... das nossas alegrias apenas o suficiente para compartilhá-las... das nossas verdades apenas o que queremos mostrar. Nunca dizemos absolutamente todas as nossas verdades. Às vezes sequer as dizemos para nossa imagem no espelho. Este conhecimento tão profundo de nós mesmos está trancado e não pode ser alcançado por quem quer que seja.
Esta solidão pode ser comparada, ou explicada, com a morte. Não falo da morte espiritual, da alma, da essência, ou seja lá que nome cada pessoa dê a ela. Refiro-me ao momento final da existência humana. No momento de nossa morte física ninguém mais poderá estar conosco. Ninguém poderá amenizar este sofrimento. Ninguém o fará por nós. Porque apenas você pode fazê-lo. Então, iremos sozinhos... Porque estamos e somos sós. Nascemos assim. Vivemos assim. Morreremos assim...
(Elís Cândido/abril de 2012)
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