Triste Loucura

Neste blog, por inúmeras vezes, eu usei a palavra LOUCURA...

Falei da loucura dos sentimentos, da loucura da solidão, das loucuras angustiantes, que nos atacam a alma. Da loucura da felicidade, que nos faz agir diferente das outras pessoas.

Desta loucura que trato agora, jamais pensei falar. Esta loucura que impele um ser a cometer um ato de tamanha crueldade como o que vivenciamos hoje em Realengo, isto eu jamais poderia imaginar, nem nos meus piores pesadelos.

Invadir, premeditadamente, uma escola e atirar contra várias crianças inocentes, numa matança cruel e sem precedentes... Invadir um local onde entregamos diariamente nossos filhos, na certeza de estarmos fazendo o melhor para eles. Na certeza de que lá eles estarão seguros, protegidos, cercados por pessoas que escolheram, por vocação, estar ali, ensinando e mostrando os caminhos para um futuro melhor... Um local sagrado...

Que mente transtornada pode conceber friamente um ataque destes?!

O conteúdo divulgado da carta deixada pelo autor desta trágica história mostra claramente sua frieza ao descrever em detalhes a maneira que gostaria que seu corpo fosse tratado e ainda seus desejos sobre o destino dos seus bens.

Como é possível falar em "falta de consideração para com meus pais, que dormem", referindo-se ao uso a ser feito da casa onde morava? E os pais, tantos, dezenas, que tiveram suas famílias destruídas neste atentado? Onde estava a consideração dele por estas pessoas? Onde ficaram os sentimentos deste jovem ao retirar violentamente a vida destas crianças e marcar para sempre, de forma vil, a vida de tantas outras?

Que mundo é este em que vivemos?

O que fazer para proteger nossas crianças?

Será que há justificativas para tanta violência?

É tão difícil não julgar. Não condenar. Não ter maus pensamentos. Não se revoltar.

É tão difícil não se deixar contaminar por esta loucura horrorosa!

Confesso que chorei em frente a TV. Acho que todos choramos. Que todos morremos um pouco hoje. Que nunca mais seremos iguais.

De alguma forma, por maior que seja a distância, fomos todos tocados por esta tragédia.

Com o meu coração cheio de dor, me sinto um pouco egoísta por ter dado graças pelos meus filhos estarem seguros... Confesso.

Rezo e peço a Deus por eles. Porque já não temos mais como impedir que a vida nos atropele a qualquer momento.

Rezo e peço a Deus pelas crianças que tiveram suas vidas tiradas ou marcadas nesta absurda explosão de violência.

Rezo e peço a Deus por todos nós, vítimas diárias desta loucura que tomou conta do mundo.

Rezo e peço a Deus...

Ainda não consegui rezar por ele. Pelo autor dos crimes...

Então rezo e peço a Deus por mim. Por não conseguir ainda me apiedar de alguém assim.

Que Ele escute as nossas preçes!

(Elís Cândido/07 de abril de 2011)