Lembranças
Conheci um dia uma grande mulher. Digna de se admirar. Uma mente brilhante, pensamento à frente de seu tempo.
Determinação e atitude.
Mulher de poucas crenças (será?). Cética. Como todo intelectual se diz ser.
Afinal, como crer naquilo que não se pode explicar? Como aceitar o que a ciência e a inteligência humana não são capazes de comprovar?
Determinação e atitude.
Uma mulher guiada por instintos.
Aprendi muito com ela. O tempo em que pudemos conviver foi um tempo de aprendizado. Havia todo um universo desconhecido, quase inexistente para mim. Conhecimentos, informações, cultura. Havia muito o que aprender.
Mas ela era dura. Quase inoxidável.
Determinação e atitude.
Tão próxima e tão distante.
Tão certa das suas convicções.
Tão improvável na arte das relações. No contato humano.
Não sei ao certo se ela era quem realmente era. Se era quem eu pensava que era. Se era quem ela achava que era.
Sei que ela foi importante.
Ao menos para mim.
(Elís Cândido/julho de 2010)
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