Fui moldada pelas mãos delicadas do artista
que por amor me fez bela
e pela dor me fez triste.
Esculpida no desejo insano de um amante
à procura daquele amor
que não mais retornará.
Lágrimas de sal alicercaram minhas formas
para que eu pudesse suportar os ventos mais fortes.
Uma obra-prima!
Olhares curiosos amontoam-se ao meu redor.
Mas não me vêem.
Não me enxergam.
Vêem apenas uma estátua de areia.
Cinza, fria e úmida como as noites de inverno.
Tenho tanto calor em mim!
Não percebem, estes tolos.
Apenas olham e se vão.
Eu fico.
Só.
Meu artista não retorna?
Outro dia e ele não vem...
Gaivota me falou que ele anda em outras praias,
esculpindo novas formas.
Sinto que me abalo e me desmancho.
Rogo ao mar para que me leve!
Não tem sentido a minha existência,
sem o meu dono e senhor,
sem meu artista e criador.
Por ele nasci e por ele morrerei.
De volta ao início,
onde eu era apenas pó!
(Elís Cândido/novembro de 2011)
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