Descia lento pela alameda
numa cadência quase ritmada
lamentos tristes se ouviam ao longe
como uma canção mal terminada.
Seguia em frente o cortejo
juntando gente à caminhada
em direção ao sepulcro
no cemitério da velha estrada.
Choravam lamentos pequenos
pequenos soluços escapavam
enquanto, a passos lentos,
do final se aproximavam.
Crianças corriam ao redor
com a inocência de quem não sabe o que faz,
davam graça ao momento,
talvez um pouco de paz.
Havia uma certa beleza
e até um certo ritual
com adeus da família, dos amigos,
neste cortejo final.
Deitado nos braços da terra,
como semente lançada ao chão,
deixou sua casa vazia
sem o pai, o amigo, o irmão.
Triste é esta caminhada
em direção à velha estrada,
levando nas mãos uma vida,
subindo de volta sem nada.
(Elís Cândido/outubro de 2011)
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