Ser humano é mesmo engraçado!
A gente precisa estipular uma data pra lembrar de coisas das quais deveríamos nos lembrar todos os dias.
O Dia Internacional da Mulher é uma dessas datas.
A gente vê romantismo em tudo e aí se deixa enganar com frases do tipo: Esse Dia é pra lembrar do quanto nós somos especiais! Tudo balela!
Não podemos nos esquecer das mulheres operárias que foram queimadas naquele protesto numa fábrica em Nova York, em 1857. Nem das várias mulheres que lutaram pela igualde de direitos, pelo voto, por salários iguais, pela não-violência...
Não tenho a pretensão de dizer que nada disso foi válido. Claro que foi!
Elas foram guerreiras e merecem nosso reconhecimento e nossa homenagem.
A questão que discuto aqui é nossa ridícula condição de seres desenvolvidos, os ditos "seres humanos, animais racionais."
Precisamos lutar para termos o direito de sermos quem somos, para sermos aceitos como somos.
Precisamos de Leis para garantir a nossa segurança, até mesmo dentro de nossas próprias casas. Leis que nos defendem daqueles que deveriam nos amar e proteger.
Nas outras espécies animais não é assim!
Não há leis, dias, datas, nada...
Todos os animais sabem e reconhecem o valor das fêmeas da sua espécie.
São elas que geram a vida.
Dão à luz.
Cuidam da prole...
Ninguém se mete com uma leoa que tem ao seu redor os seus filhotes. Ela é ameaçadora! Faz de tudo pela sua cria!
Ao mesmo tempo, não existe nada mais lindo que um macho cortejando a fêmea pretendida...
Alguns dançam, fazem coreografias belíssimas, outros lutam até a morte do macho rival...
Nada mais no mundo importa neste momento de conquista.
As atenções são todas para ela: a fêmea.
E as histórias de fidelidade são várias.
Não há regras.
Ninguém diz aos animais o que é certo ou errado, o que eles devem ou não fazer no relacionamento.
Há um acerto. Um entendimento entre o casal.
As coisas são da maneira que se configura como o melhor para os dois.
E cada um tem seu papel definido.
Pingüins, maritacas, periquitos e a maioria das aves são adeptos da monogamia.
Muitas espécies dividem a responsabilidade da criação dos filhotes.
Alguns machos chocam os ovos ou guardam seus ninhos, defendendo-os com a própria vida, se necessário.
Mas nós somos diferentes!
Nós somos racionais!
Nós precisamos de lembretes!
Se não a gente se esqueçe...
Então fica aqui o meu desabafo.
E o meu desejo. Desejo de que, num futuro próximo, não haja mais uma data para que se lembrem de nós.
E nenhuma Lei de proteção específica, nenhuma Delegacia da Mulher...
Desejo que possamos viver num mundo igual para todos e todas.
Sem diferenças.
Sem violências ou violações.
Onde as crianças cresçam felizes.
Onde a comida seja farta.
As noites em segurança e os dias em harmonia.
Desejo ser um bicho fêmea, correndo com meus filhotes, numa savana próspera e feliz!
(Elís Cândido/2010)
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